As forças do governante líbio, Muamar Kadafi, recapturaram nesta quarta-feira a estratégica cidade petrolífera de Ras Lanuf e se aproximaram de outra cidade, Brega, já no leste do país. Em apenas dois dias, os insurgentes líbios, que no começo desta semana ameaçavam atacar a cidade de Sirta, bastião de Kadafi no oeste, recuaram 160 quilômetros, sob fogo pesado das forças do governante. Na noite desta quarta-feira, as tropas de Kadafi disparavam contra Brega, outro terminal petrolífero. Também na noite desta quarta-feira o governo britânico informou que o chanceler do governo líbio, Moussa Kussa, que visitou a Tunísia nos últimos dois dias, viajou para Londres e renunciou ao cargo. Ele deverá oficializar a decisão na quinta-feira. Segundo um diplomata europeu, ele negociou a saída do cargo em Túnis.
Um funcionário da inteligência dos Estados Unidos disse hoje que as tropas de Kadafi adotaram uma nova tática, após os ataques aéreos dos aviões ocidentais contra tanques e carros blindados. Elas passaram a dirigir picapes e sedãs de uso civil para avançar pelo deserto com armamentos, evitando os ataques aéreos. O funcionário disse que os bombardeios lançados pelos EUA e os europeus enfraqueceram as tropas de Kadafi desde 19 de março, mas elas ainda superam “de longe” as forças dos insurgentes. Além disso, poucos soldados desertaram das tropas do governante após 19 de março.
As forças de Kadafi atacaram a cidade de Misurata nesta quarta-feira, após 18 pessoas serem mortas em confrontos no dia anterior, disseram rebeldes e um médico à France Presse.
“A cidade de Misurata foi novamente atacada esta manhã por forças de Kadafi, que realizaram disparos e lançaram foguetes em vários setores da cidade indiscriminadamente”, afirmou um porta-voz dos rebeldes, por telefone.
Um médico da cidade disse que “18 pessoas foram mortas na terça-feira” em um ataque de forças do governo. Entre os mortos havia quatro pessoas da mesma família. Na segunda-feira, a chancelaria da Líbia afirmou que suas tropas estavam realizando uma ofensiva contra Misurata e que a “calma” havia sido restabelecida na estratégica cidade. Um médico disse que já morreram ali 142 pessoas desde 18 de março. Não estava claro se as forças de Kadafi dominavam a cidade, a terceira maior da Líbia, ou apenas uma parte dela.
O governo de Uganda está disposto a oferecer asilo a Kadafi, no caso do governante preferir deixar a Líbia. Mas o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, afirmou hoje em Montevidéu que Kadafi não sairá da Líbia e nem mesmo considera um pedido de asilo. Chávez tem conversado por telefone com Kadafi nos últimos dias. Chávez reafirmou que o conflito civil líbio precisa ser resolvido através do diálogo.
Também cresceu a pressão nesta quarta-feira para que o governo dos Estados Unidos forneça armas aos insurgentes. Funcionários da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), que assumiu o comando das operações de bombardeio, têm descartado a hipótese A secretária de Estado americana, Hillary Clinton, se manifestou a favor de armar os insurgentes na terça-feira. O presidente da China, Hu Jintao, se opôs a isso nesta quarta-feira e afirmou que a operação Aurora da Odisseia “foi longe demais”. Autorizada pela resolução 1973 do Conselho de Segurança da ONU, a resolução determina que os países da ONU devem proteger os civis líbios ameaçados pelas tropas de Kadafi, usando “todos os meios necessários”. O presidente chinês pediu um cessar-fogo imediato no conflito e advertiu o presidente da França, Nicolas Sarkozy, que defendeu a aprovação da resolução. A França também foi o primeiro país a reconhecer o Conselho Nacional da Líbia, em Benghazi, como governo legítimo.
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